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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Stop and Hear de Music - Beleza depende de contexto


Há uma deficiência em nossa formação, que nos faz depender de um contexto para gostar ou não de uma coisa. Obviamente nem sempre isso acontece, nem com todos e poucas vezes é perceptível. Mas o jornal americano Washington Post achou uma dessas falhas.

Essa era uma notícia de 2007, só que me deu vontade de escrever após, recentemente, virar um viral no Facebook. Não vou me dar o trabalho de postar aqui o texto que lá se encontrava, pois ele era bem mentiroso e bem fantasiado, obviamente e perceptivelmente feito para sensibilizar as pessoas... como virais devem ser.

Para quem não tem muito interesse em música clássica, vou falar bem rápido sobre o artista do vídeo: Joshua Bell.


Joshua é um violinista respeitado, que lota espetáculos onde os lugares mais baratos giram em torno de 100usd e os mais caros por volta de 1000. Criança prodígio, começou a tocar violino aos 4 anos, em 1985 apresentava-se em sua estréia no Carnegie Hall com a Orquestra Sinfônica de Saint Louis. Aos catorze anos já era solista da Orquestra de Filadélfia. Seu instrumento é um Stradivarius avaliado em 3.5 milhões de dólares que não precisa de apresentações...

Convidado pelo Washington Post para tocar por 45 minutos no metrô, como um completo anônimo, aceitou o desafio, e o resultado dá pra ver no vídeo de início. Poucas pessoas pararam, uma reconheceu, e despertou o interesse de uma criança. Acho isso pouco para aqueles mais de mil que lotam uma casa de show e pagam o preço para vê-lo tocar. E nesses 45 minutos, arrecadou apenas 32 dólares...
Para Bell, o valor é até bom: "Não é tão mal assim, pensando bem. São 40usd por hora. Eu poderia fazer uma vida okay desse jeito, e eu não teria que pagar um agente". Um humilde otimista. Os outros depoimentos que fizeram parte da experiência, estão em inglês e não faria muito sentido eu traduzir a postagem inteira, além de grande, ninguém gostaria de ler, mas em todo caso deixarei nas referências ao final da postagem.

O ponto é: Beleza depende de contexto. É necessário uma moldura para um quadro bonito. Entre os mais de mil e duzentas pessoas que passaram pelo metrô aquele dia, poucos deram a mínima para um violinista do calibre do Joshua, e alguns desses, talvez, são aqueles que pagariam o ingresso para assisti-lo em um teatro.      


A curiosidade veio quando eu descobri que o Fantástico fez o mesmo no Brasil, com o Bernardo Bessler, um dos gigantes violinistas do nosso país:



As respostas são as que você já imagina: "Nem olhei", "Vou almoçar agora", "Estou com pressa"... em ambos os casos da pra ver que poucos são aqueles que se importam. Mas acho que a citação de uma única alma salva o dia: "A gente passa por essa cidade maluca aí todo o dia e as vezes não percebe certos detalhes". 

Nas duas horas que Bessler ficou tocando, em frente ao teatro onde sempre é a estrela, apenas 22 pessoas pararam para prestar um pouco de atenção no artista, e nessas duas horas conseguiu 6 reais apenas.

Ao final do vídeo escuta-se o apresentador falando que "A Pressa é inimiga da arte". É notável, bem como é notável a falta do contexto para compreender a beleza de uma música. Também a falta de conhecimento do povo brasileiro no âmbito musical (culpa também das escolas por não incentivarem o ensino de um instrumento ou teoria musical em sua grade curricular). Meu argumento é simples: Coloca um Luan Santana / Michel Teló na rua tocando, atrairá multidões (independentemente da pressa do sujeito). É triste mas é verdade. Joshuas Bells e Bernardos Besslers continuarão anônimos enquanto não tocarem músicas de 4 acordes no Programa do Faustão ou no Caldeirão do Huck.. Programa da Hebe.... etc. 

Referências: (1)

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